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sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Compartilhando

Olá gente!
Hoje vim aqui para compartilhar uma coisa com vocês, que foi muito
importante para mim, e me ajudou demais.
Uma vez quando eu andava muito triste, uma amiga me mandou no MSN um
texto, o Poema aos amigos.
É um texto muito lindo, e me ajudou muito a refletir e me fez perceber
que eu não estou sozinha, que existem pessoas que me amam e que sempre
estão ao meu lado.
Hoje eu sou feliz, muito feliz.
Ao contrário daquele dia, agora somente sei o que é sorrir.
Mais acho que não posso deixar de compartilhar isso com vocês, porque eu
penso que hoje alguém pode estar precisando tanto dessas palavras, como
eu precisei um dia.
Então, vamos ler, e após ler, vamos parar para refletir um pouco...

Poema aos Amigos
(Jorge Luis Borges)  

Não posso dar-te soluções
Para todos os problemas da vida,
Nem tenho resposta
Para as tuas dúvidas ou temores,
Mas posso ouvir-te
E compartilhar contigo.
Não posso mudar
O teu passado nem o teu futuro.
Mas quando necessitares de mim
Estarei junto a ti.
Não posso evitar que tropeces,
Somente posso oferecer-te a minha mão
Para que te sustentes e não caias.
As tuas alegrias
Os teus triunfos e os teus êxitos
Não são os meus,
Mas desfruto sinceramente
Quando te vejo feliz.
Não julgo as decisões
Que tomas na vida,
Limito-me a apoiar-te,
A estimular-te
E a ajudar-te sem que me peças.
Não posso traçar-te limites
Dentro dos quais deves atuar,
Mas sim, oferecer-te o espaço
Necessário para cresceres.
Não posso evitar o teu sofrimento
Quando alguma mágoa
Te parte o coração,
Mas posso chorar contigo
E recolher os pedaços
Para armá-los novamente.
Não posso decidir quem foste
Nem quem deverás ser,
Somente posso
Amar-te como és
E ser teu amigo.
Todos os dias, penso
Nos meus amigos e amigas,
Não estás acima,
Nem abaixo nem no meio,
Não encabeças
Nem concluís a lista.
Não és o número um
Nem o número final.
E tão pouco tenho
A pretensão de ser
O primeiro
O segundo
Ou o terceiro
Da tua lista.
Basta que me queiras como amigo
Dormir feliz.
Emanar vibrações de amor.
Saber que estamos aqui de passagem.
Melhorar as relações.
Aproveitar as oportunidades.
Escutar o coração.
Acreditar na vida.
Obrigado por seres meu amigo.

Abraços, e já deixo esse texto desejando um feliz Natal a todos!
Boas festas!

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Grupo Roupa Nova

Vocês conhecem o grupo Roupa Nova?
Pelo tempo do grupo em atividade, creio que muitos conhecem, mais quem
não conhece, coisa que acho difícil, poderão conhecer e ler tudo sobre
eles aqui hoje.
Se querem conhecer, prossigam lendo esse Post até o fim.
E a você que conhece, prossiga também!
Pois, você que conhece e é um grande fã, quem sabe aquilo que você tinha
curiosidade em saber não pode estar aqui?
Talvez você possa descobrir coisas que ainda não sabia.
Ao final do Post, sintam-se a vontade para deixar seus comentários.
Então, vamos lá.



Informação geral
Origem Rio de Janeiro, RJ
País Brasil
Gêneros pop, pop rock, soft rock
Período em atividade 1980 - atualmente
Gravadora(s) Roupa Nova Music
Página oficial
Integrantes
Serginho Herval
Paulinho
Kiko
Nando
Ricardo Feghali
Cleberson Horsth



Roupa Nova é uma banda brasileira formada na década de 1980 no estado
brasileiro do Rio de Janeiro.
Ainda hoje encontra-se em plena atividade.


História


A banda surgiu em agosto de 1980, devido a mudanças ocorridas após 1978
no grupo chamado Os Famks, e desde aí mantém até hoje a formação.
Composta por Paulinho (voz, percussão e vocal), Serginho Herval
(bateria, voz e vocal), Nando (baixo, voz e vocal), Kiko (guitarra,
violões e vocal), Cleberson Horsth (teclados e vocal) e Ricardo Feghali
(teclados, voz e vocal).

São os atuais recordistas em trilhas sonoras de novelas (mais de 35
temas), sendo "Videogame" a trilha sonora do Jornal da Manchete,
da extinta Rede Manchete carece de fontes. As mais famosas são
Dona (Roque Santeiro, 1985),
A Viagem (A Viagem, 1994)
e Coração Pirata (Rainha da Sucata, 1990).
O grupo também esteve presente na
gravação original de outra trilha bastante conhecida, Tema da Vitória,
usado nas transmissões das corridas de Fórmula 1,
o tema virou um verdadeiro hino e imortalizou as vitórias do piloto brasileiro Ayrton Senna.

Outro grande sucesso da carreira do Roupa Nova é Whisky a go-go,
composição de Michael Sullivan e Paulo Massadas eternizada pelo sexteto,
gravada originalmente em 1985, tema de abertura da novela da Rede Globo
Um sonho a mais. Whisky a go-go é um grande sucesso presente até os
dias de hoje, tanto nos shows do Roupa Nova quanto em danceterias,
clubes e festas.

Algumas novelas tiveram mais de uma música do Roupa Nova em sua trilha
sonora. É o caso de Um sonho a mais de 1985 que além do hit Whisky a Go-Go
que era tema de abertura, tinha também a Chuva de Prata na voz de Gal Costa com participação especial do sexteto.
Na novela Corpo Santo, exibida pela extinta Rede Manchete em 1987, o tema de abertura era "Um
Lugar no Mundo" do Roupa Nova. Além desta canção o grupo estava presente
também em "Amor Explícito" ao lado de Simone e "Um Sonho a Dois" ao lado
de Joanna.
O fato se repetia em Felicidade de 1991. Desta vez o Roupa Nova emplacaria dois grandes sucessos da sua carreira:
"Felicidade", que era o tema de abertura e "Começo, Meio e Fim", tema do casal principal
"Álvaro e Helena" (Tony Ramos e Maitê Proença).
A música "Ibiza Dance" que foi tema de abertura da novela Explode Coração de 1995 ganhou versão
remix (Ibiza Dance Remix) que também entrou para a trilha sonora da
novela e foi faixa de uma compilação extra lançada no mesmo ano.

Ainda em novelas, a canção "Amor de Índio" gravada pelo Roupa Nova em
2001 para o álbum Ouro de Minas fez parte da trilha sonora de duas
novelas da Rede Globo.
A primeira em 2001, Estrela Guia, tema dos
personagens de Sandy e Guilherme Fontes, e a segunda em 2007 Desejo Proibido,
tema de "Laura" vivida por Fernanda Vasconcellos.
Outra canção do Roupa Nova que acabou se tornando tema de duas novelas foi
Sensual de 1983, que embalou as novelas Voltei pra Você da Rede Globo e
O Direito de Nascer, na época exibida pelo SBT.

Em 2004, o Roupa Nova estreou seu selo próprio com o lançamento do CD e
DVD RoupaAcústico 1, o qual veio a ser um grande sucesso de público e
crítica e teve continuação com RoupaAcústico 2, que em menos de uma
semana vendeu mais de 70.000 cópias.

Os dois lançamentos acústicos do Roupa Nova ajudaram a renovar o público da banda.
Se tornou comum e frequente a presença de um público formado
por adolecentes e jovens nos shows do grupo.

Seu álbum mais bem sucedido é o do ano de 1985, que contém vários
sucessos, tais como Dona, Seguindo no trem azul, Linda demais, Sonho,
Show de rock'n roll, entre outros.
O álbum alcançou a marca de 2.200.000(dois milhões e duzentos mil) discos vendidos, alavancando de
vez a carreira da banda, que a cada ano vinha se tornando mais popular.

O Roupa Nova se tornou presença marcante e constante em programas de
auditório como o Programa Raul Gil,
Discoteca do Chacrinha,
Perdidos na Noite,
Programa Hebe,
Domingão do Faustão,
entre outros.

Durante a sua carreira, o Roupa Nova fez parcerias com os grandes nomes
da música brasileira e artistas internacionais como The Commodores, com
quem gravou a canção "Esse tal de repi enroll", tema da novela Meu Bem Meu Mal de 1990,
David Gates (ex-vocalista do Bread), com quem gravou
"De Ninguém" para o álbum "Através dos Tempos" de 1997
e a canção "Volte neste natal" para o álbum Natal Todo Dia de 2007 e a banda Ben's
Brother, que participou da faixa " Reacender " do CD e DVD Roupa Nova
em Londres de 2009.

O Roupa Nova também fez parcerias com Roberto Carlos, Ivete Sangalo,
Rita Lee, Sandra de Sá, Zélia Duncan, Fagner,
Luciana Mello, Marjorie Estiano, Pedro Camargo Mariano, Cláudia Leitte,
Elba Ramalho, Ed Motta, Chitãozinho e Xororó, José Augusto,
Hangar, Byafra, Tony Garrido, Padre Marcelo Rossi, Simone,
Joanna, Milton Nascimento, Angélica e Gal Costa, entre outros.

Os grandes incentivadores da carreira do Roupa Nova são:
Mariozinho Rocha,
diretor musical da Rede Globo que é inclusive o responsável pelo nome
da banda,
o maestro Eduardo Souto Neto com quem o Roupa Nova gravou o
Tema da Vitória e o cantor e compositor Milton Nascimento que homenageou
a banda com a canção Nos bailes da vida.

Vários artistas famosos também já regravaram canções compostas pelos
integrantes do Roupa Nova, como é o caso de Sandy e Júnior com a canção
A lenda, a dupla sertaneja Rick e Renner com as canções A Força do amor
e De volta pro futuro, o cantor Eduardo Costa com Linda Demais e Volta
pra mim e a dupla sertaneja Victor & Léo com Retratos rasgados.
O talento dos integrantes do Roupa Nova como compositores foi reconhecido
no Programa Raul Gil, quando eles foram homenageados por calouros e por
artistas consagrados no quadro Homenagem ao compositor em 2005.

É a banda brasileira com maior tempo de formação, mais de 30 anos de
estrada e com seus membros originais.

Em junho de 2005 o Roupa Nova foi o grande vencedor do Prêmio TIM de
Música na categoria Canção Popular, recebendo dois prêmios:
o prêmio de melhor disco com Roupacústico, disputando com Beleza Roubada de Dulce
Quental e Outros Planos da banda 14 Bis, e o prêmio de melhor grupo,
disputando com Red e 14 Bis.

Em 2009 o grupo recebeu um dos mais importantes prêmios da música
mundial, o Grammy Latino, na Categoria Melhor Álbum de Pop
Contemporâneo Brasileiro, desta vez concorrendo com Ivete Sangalo,
Jota Quest, Skank e Rita Lee.

Nos dias 2 e 3 de julho de 2010 foi gravado um projeto em comemoração
aos 30 anos de carreira com participações de Sandy, Milton Nascimento,
Fresno e o Padre Fábio de Melo.
O álbum foi lançado em outubro de 2010.

Discografia

Com os Famks
* 1974: Tristes Canção/Querida/Sylvia/Eu e Você (compacto duplo )
* 1975: Famks
* 1978: Famks
* 1979: Não Deixe Terminar (compacto simples)


Roupa Nova


Ano
CD
Certificação
Vendas
1981
Roupa Nova (1981)
2x Platina
500.000

1982
Roupa Nova (1982)
2x Platina
550.000

1983
Roupa Nova (1983)
3x Platina
950.000

1984
Roupa Nova (1984)
Diamante
1.700.000

1985
Roupa Nova (1985)
Diamante
2.200.000

1987
Herança
Diamante
2.000.000

1988
Luz
Diamante
1.500.000

1990
Frente e Versos
Diamante
1.300.000

1991
Ao Vivo
Diamante
1.900.000

1992
The Best en Español
3x Platina
750.000

1993
De Volta ao Começo
2x Platina
950.000

1994
Vida Vida
2x Platina
900.000

1995
Novela Hits
Platina
450.000

1996
6/1
Platina
400.000

1997
Através dos Tempos
Ouro
100.000

1999
Agora Sim
Platina
250.000

2001
Ouro de Minas
Ouro
220.000

2004
RoupaAcústico
Diamante
650.000

2006
RoupaAcústico 2
3x Platina
435.000

2007
Natal Todo Dia
Platina
150.000

2008
4U
Ouro
100.000
2009
Roupa Nova em Londres
Platina
130.000

2010
Roupa Nova 30 anos
Ouro
75.000



DVD's


Ano
DVD
Certificação
Vendas

2004
RoupaAcústico
Diamante
750.000

2006
RoupaAcústico 2
3x Platina
375.000

2009
Roupa Nova em Londres
3x Platina
160.000
2010
Roupa Nova 30 anos
Platina
100.000



Produções em trabalhos de outros artistas

Ricardo Feghali e Cleberson Horsth atuaram como produtores na
maioria dos CDs da cantora gospel Aline Barros, considerada a maior do
segmento. A parceria iniciou-se em 1995 com o CD "Sem Limites", que
foi sucesso de público e crítica, levando Aline a tocar nas principais
rádios seculares e emissoras do país. A parceria se manteve em 1998,
com o lançamento de "Voz do Coração", em 2000 com "O poder do teu Amor"
e em 2003, com o multipremiado "Fruto de Amor". Este último
conquistou o "Oscar" da música, o Grammy Latino de Melhor Álbum de
Música Cristã em 2004.
Aline foi a primeira cantora evangélica brasileira
a conquistar o prêmio, feito este repetido outras duas vezes, em CDs de
outros produtores.


Singles
Novembro de 1980 - Canção de Verão - #12
Fevereiro de 1981 - Sapato Velho - #7
Abril de 1981 - Bem Simples - #9
Agosto de 1981 - Roupa Nova - #15
Novembro de 1981 - Clarear - #11
Janeiro de 1982 - Lumiar - #21
Agosto de 1982 - Simplesmente - #33
Maio de 1983 - Anjo #10
Junho de 1983 - Videogame (tema do Jornal da Manchete ) #45
Outubro de 1983 - Sensual #41
Julho de 1984 - Chuva de Prata - #1
Novembro de 1984 - Whisky a Go-go - #1
Março de 1985 - Tímida - #3
Maio de 1985 - Dona - #1
Agosto de 1985 - Show de rock'n roll - #1
Outubro de 1985 - Linda Demais - #1
Novembro de 1985 - Seguindo no Trem Azul - #1
Abril de 1987 - Volta pra Mim - #1
Julho de 1987 - De Volta pro Futuro - #4
Outubro de 1987 - A Força do Amor - #6
Janeiro de 1988 - Cristina - #7
Junho de 1988 - Meu universo é você - #1
Agosto de 1988 - Vício - #7
Fevereiro de 1989 - Chama - #5
Fevereiro de 1990 - Amo em Silêncio - #19
Abril de 1990 - Mistérios - #34
Maio de 1990 - Coração Pirata - #6
Outubro de 1990 - Cartas - #24
Novembro de 1990 - Esse Tal de Repi en Roll - #57
Dezembro de 1990 - Yesterday - #4
Agosto de 1991 - Felicidade - #3
Dezembro de 1991 - Começo, Meio e Fim - #1
Março de 1992 - Clarear (Ao vivo) - #19
Julho de 1992 - Zapato viejo (Para países de língua espanhola)
Agosto de 1992 - Yesterday (Para países de língua espanhola / EUA)
Março de 1993 - De Volta ao Começo
Julho de 1993 - Maria Maria - #56
Setembro de 1993 - Ando Meio Desligado - #43
Novembro de 1993 - Os Corações Não São Iguais - #68
Março de 1994 - A Viagem - #1
Março de 1996 - Amar é... - #18
Agosto de 1997 - De Ninguém - #53
Maio de 1988 - Muito Mais - #66
Janeiro de 1999 - Bem Maior - #87
Setembro de 1999 - Agora Sim - #57
Março de 2001 - Amor de Índio - #35
Junho de 2001 - O Sal da Terra - #43
Agosto de 2004 - À Flor da Pele - #15
Janeiro de 2005 - Razão de Viver
Março de 2005 - A Lenda - #25
Junho de 2005 - Dona (Acústico) - #8
Setembro de 2006 - A Metade da Maç - #41
Outubro de 2006 - Um Sonho a Dois - #35
Dezembro de 2006 - Flagra - #29
Março de 2007 - Sensual (Acústico) - #55
Agosto de 2007 - Um Anjo Muito Especial
Novembro de 2007 - A Paz
Julho de 2008 - Toma Conta de Mim
Março de 2009 - Reacender - #43
Abril de 2009 - Sapato velho
Junho de 2009 - Cantar Faz Feliz o Coração
Dezembro de 2009 - Mais Feliz
Outubro de 2010 - Chuva de Prata (com Sandy ) - #13
Dezembro de 2010 - Dona (ao vivo)
Maio de 2011 - Todas Elas (ao vivo)


Temas de novelas

Relação dos temas:

Novela: As Três Marias - Período: 10/11/1980 a 16/05/1981 Música: Canção de Verão

Novela: O Amor É Nosso - Período: 27/04/1981 a 24/10/1981 Música: Bem Simples

Novela: Os Adolescentes - Período: 28/09/1981 a 02/04/1982 Música: Tanto Faz

Novela: Jogo da Vida - Período: 28/10/1981 a 08/05/1982 Música: Clarear

Novela: Paraíso - Período: 23/08/1982 a 29/03/1983 Música: Simplesmente

Novela: Final Feliz Período: 1982 a 1983 Música: Flagra (com Rita Lee)

Novela: O Direito de Nascer - Período: 1983 Música: Sensual

Novela: Voltei Pra Você - Período: 10/10/1983 a 16/03/1984 Música: Sensual

Novela: Guerra dos Sexos - Período: 06/06/1983 a 07/01/1984 Música: Anjo

Novela: Campeão - Período: 06/12/1982 a 06/05/1983 Música: Estado de Graça

kNovela: Um Sonho a Mais - Período: 04/02/1985 a 02/08/1985 Música: Whisky à Go-Go

Novela: Um Sonho a Mais - Período: 04/02/1985 a 02/08/1985 Música: Chuva
de Prata (Com Gal Costa )

Novela: Roque Santeiro - Período: 24/06/1985 a 22/02/1986 Música: Dona

Novela: Corpo Santo - Período: 30/03/1987 a 02/10/1987 Música: Um Lugar no Mundo

Novela: Corpo Santo - Período: 30/03/1987 a 02/10/1987 Música: Um Sonho a Dois (Com Joanna )

Novela: Corpo Santo - Período: 30/03/1987 a 02/10/1987 Música: Amor
Explícito (Com Simone )

Novela: Que Rei Sou Eu? - Período: 13/02/1989 a 16/09/1989 Música: Chama

Novela: Tieta - Período: 14/08/1989 a 31/03/1990 Música: Eu e Você (Com José Augusto )

Novela: Rainha da Sucata - Período: 13/02/1989 a 16/09/1989 Música: Coração Pirata

Novela: Meu Bem, Meu Mal - Período: 29/10/1990 a 18/05/1991 Música: Esse Tal de Répi en Roll (com The Commodores)

Novela: Felicidade - Período: 07/10/1991 a 30/05/1992 Música: Felicidade

Novela: Felicidade - Período: 07/10/1991 a 30/05/1992 Música: Começo, Meio e Fim

Novela: Despedida de Solteiro - Período: 01/06/1992 a 29/01/1993 Música: Ser Mais Feliz

Novela: Sonho Meu - Período: 27/09/1993 a 14/01/1994 Música: Ando Meio Desligado

Novela: Renascer - Período: 08/03/1993 a 13/11/1993 Música: De Volta ao Começo

Novela: A Viagem - Período: 11/04/1994 a 22/10/1994 Música: A Viagem

Novela: Explode Coração - Período: 06/11/1995 a 04/05/1996 Música: Ibiza Dance

Novela: Explode Coração - Período: 06/11/1995 a 04/05/1996 Música: Ibiza Dance Remix

Novela: Anjo de Mim - Período: 09/09/1996 a 29/03/1997 Música: Amar É...

Novela: Anjo Mau - Período: 08/09/1997 a 28/03/1998 Música: O Sonho Acabou

Novela: Torre de Babel - Período: 25/05/1998 a 16/01/1999 Música: Muito Mais

Novela: Suave Veneno - Período: 18/01/1999 a 18/09/1999 Música: Bem Maior

Novela: Uga Uga - Período: 08/05/2000 a 20/01/2001 Música: Deixa o Amor Acontecer

Novela: Estrela Guia - Período: 12/01/2001 a 16/06/2001 Música: Amor de Índio

Novela: Alma Gêmea - Período: 02/06/2005 a 12/03/2006 Música: Margarida

Novela: Sete Pecados - Período: 18/06/2007 a 15/02/2008 Música: Um Anjo Muito Especial

Novela: Desejo Proibido - Período: 05/11/2007 a 03/05/2008 Música: Amor
de Índio

Novela: Caminhos do Coração - Período: 28/08/2007 a 02/08/2008 Música: Maria Maria

Outros temas

Cometa Loucura - Tema do programa jovem Cometa Loucura exibido
pela Rede Globo em 1983

Videogame - Jornal da Manchete

Tema para o programa de TV A Era dos Halley da Rede Globo em 1985

Tema da Vitória - Tema de Ayrton Senna na Fórmula 1

Rock In Rio - Tema do Rock In Rio

Don't Stop Till You Get Enough (Instrumental) - Tema de abertura
do Vídeo Show.



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sábado, 29 de outubro de 2011

Harmonia dasDiferenças

    Vamos refletir um pouquinho?
    Leiam com atenção o texto abaixo e deixem seus comentários sobre o mesmo.


Você já pensou que o nosso grande problema, nas relações pessoais, é que
quase sempre desejamos que os outros sejam iguais a nós?

Em se tratando de amigos, desejamos que eles gostem exatamente do que
gostamos, que apreciem o mesmo gênero de filmes e música que constituem
o nosso prazer.

No âmbito familiar, prezaríamos que todos os componentes da família
fossem ordeiros, organizados e disciplinados como nós.

No ambiente de trabalho, reclamamos dos que deixam a cadeira fora do
lugar, papel espalhado sobre a mesa e que, quando se servem, derramam o
café.

Dizemos que são relaxados e que é muito difícil conviver com pessoas tão
diferentes de nós mesmos. Por vezes, chegamos às raias da infelicidade,
por essas simples questões.

Isto nos faz recordar a história de um menino chamado Pedro. Ele tinha
algumas dificuldades muito próprias.

Por exemplo: sempre que ele tentava desenhar uma linha reta, ela saía
toda torta.

Quando todos à sua volta olhavam para cima, ele olhava para baixo.
Ficava olhando para as formigas, os caracóis, em sua marcha lenta, para
as flores que via no caminho.

Se ele achava que ia fazer um dia lindo e ensolarado, chovia. E lá se ia
por água abaixo, todo o piquenique programado.

Um dia, de manhã bem cedo, quando Pedro estava andando de costas contra
o vento, ele deu um encontrão em uma menina, e descobriu que ela se
chamava Tina.

Ao contrário de Pedro, tudo o que ela fazia dava certinho.

Ela nunca amarrava os cordões de seus sapatos de forma incorreta nem
virava o pão com a manteiga para baixo.

Ela sempre se lembrava do guarda-chuva e escrevia o seu nome direitinho,
coisa que, quase nunca, acontecia com Pedro.

Pedro ficava encantado com tudo o que Tina fazia. Com ela ele aprendeu
muita coisa, como, por exemplo: a diferença entre direito e esquerdo.
Entre frente e costas...

Um dia, eles resolveram construir uma casa numa árvore. Então, Tina fez
um desenho para que a casa ficasse bem firme em cima da árvore.

Pedro juntou uma porção de coisas para enfeitar a casa. Os dois acharam
tudo muito engraçado. A casa ficou realmente linda, apesar das
trapalhadas de Pedro.

Bem no fundo, Tina gostaria de que tudo que ela fizesse não fosse assim
tão perfeito. Ela gostava da forma de Pedro viver e ver a vida.

Um dia, Pedro lhe arranjou um casaco e um chapéu que em nada combinavam.
E toda vez que brincavam, Tina colocava o chapéu e o casaco, para ficar
mais parecida com Pedro.

Depois, Pedro ensinou Tina a andar de costas e a dar cambalhotas.

Juntos, rolaram morro abaixo. E juntos aprenderam a fazer aviões de
papel e a fazê-los voar para muito longe.

Um com o outro, aprenderam a ser amigos de verdade. E para sempre.

Eles aprenderam que o delicioso em um relacionamento é, acima de tudo,
harmonizar as diferenças.

Aprenderam que as diferenças são importantes, porque o que um não sabe,
o outro ensina. Aquilo que é difícil para um, pode ser feito ou ensinado
facilmente pelo outro.

É assim que se cresce no mundo. Por causa das grandes diferenças entre
as criaturas que o habitam.

A sabedoria divina colocou as pessoas no mundo, com tendências e gostos
diferentes umas das outras. Em níveis culturais diversos e degraus
evolutivos diferentes.

Tudo isto para nos ensinar que o grande segredo da vida está exatamente
em aprendermos uns com os outros, a trocar experiências e valorizar as
diferenças.

LuDutraAna de volta!

Olá gente!
Sei que eu andei meia sumida nesses últimos meses não é? Aos que gostam
do meu blog e do que eu escrevo no meu diário sobre mim, eu peço perdão
pela falta de atualização.
Bom, tive alguns problemas e acabei me afastando, mais isso não vem ao
caso agora. Quero comunicar a todos que estou de volta, e que vou fazer
o possível para manter o blog o mais atualizado que eu puder. Vou voltar
a escrever e publicar as histórias, os textos reflexivos, e sobre mim, e
também tentar compartilhar com todos algumas coisas que eu gosto. Também
penso em disponibilizar tudo que eu puder para ficar bem acessível ao
alcance de todos.
Por favor, preciso muito da colaboração de vocês meus leitores, para
me ajudar a continuidade desse blog. Por tanto, leiam, comentem,
divulguem. Não abandonem o LuDutraAna!
Dês de já agradeço a ajuda e o carinho de todos.
Muito obrigada!

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Meu anjo é você - Capítulo III

Gretel parou na varanda dos fundos para lavar as mãos e gritou através da porta de tela da cozinha:
- Você não tinha que ir lá fora na frente da minha cliente com aquele ar arrogante. Aquela senhora gasta mais em flores por semana do que a maioria das pessoas gasta
em comida.
- E? - Ele não sabia o que mais dizer.
- E isso significa uma bela entrada mensal no meu caixat Batendo a terra dos sapatos.
Gretel entrou na cozinha. A luz do sol da manhã parecia brilhar em volta daquele pequeno corpo curvilíneo. Em uma das faces, ainda havia uma mancha de terra que
escapara da água e barro nos joelhos da calça jeans. Pequenos cachinhos brilhantes, soltos do elástico que ela colocara para prender os cabelos, pendiam sobre os
ombros. Jake tinha de admitir a si mesmo que nunca vira ninguém tão perfeito quanto ela.
A imagem dele sentado ali, as pernas envoltas nos pés altos do banco do balcão, os braços musculosos e a mão forte sobre o tampo de mármore, a fez sentir uma vontade
doentia de tocá-lo. Isso sem mencionar aquele meio sorriso que ele tinha no rosto... o jeito que curvava um dos cantos daquela boca convidativa... queria muito saber
como aqueles lábios se encaixavam nos seus.
Gretel não se sentia tola assim desde o colegial e isso fora há muitos anos. Uma sensação desconfortável, complicada pela curiosidade, um inexplicável senso de antecipação
e um pouco de alguma outra coisa que não sabia exatamente o quê. Mas fosse o que fosse, tinha de passar. Homens eram controladores e egoístas. Pretendia mantê-los
afastados de si. Disso tinha certeza.
Forçando-se a manter o acidente como a principal coisa em sua mente, Jake bebeu o restante do suco de laranja e respirou fundo.
- E agora você poderia me contar como conseguiu trazer os pedaços do meu caminhão e a carga de feno até aqui?
Ela colocou seu meio sanduíche frio no forninho elétrico e girou o botão do timer. Enquanto esquentava, fatiou uma maçã com habilidade.
- Esse é o jeito melhor de fazer essa pergunta. - Ela olhou da maçã que estava fatiando para ele. - Toby e eu descemos até o local do acidente com o caminhão. Você
estava adormecido. O acidente lhe tirou mais energia do que imagina. - Contra a seriedade do olhar dele, ela protestou: - Isso realmente importa? E se chovesse?
Você queria que sua carga estragasse? O feno é para cavalos, não é? Tem um cheirinho de trevo e capim. Já ouvi dizer que nunca se deve alimentar cavalos com feno
úmido.
- Toby?
Deslizando uma fatia de maçã entre os lábios, ela assentiu.
- Meu vizinho. Grande sujeito. Está sempre pronto para ajudar quem quer que seja.
A resposta de Jake foi rápida e ácida.
- Não preciso da ajuda de ninguém. Eu ia lidar com tudo isso sozinho.
- Oh, Deus, eu sei. Homens. Você tem idéia de quanto está sendo tolo? Deveria estar grato por não ter tido que lidar com aquela bagunça. - O alarme do forninho soou,
e ela puxou a pequena bandeja de dentro para retirar o sanduíche.
Jogando uma maçã para Jake, continuou antes que ele pudesse protestar:
-  E então, para onde nós vamos? - Ela aceitou o copo de suco que Jake serviu e lhe entregou.
- Nós... não vamos a lugar nenhum - disse ele enfatizando o pronome.
- Bem, você não espera que eu vá emprestar meu caminhão para um estranho, espera? Principalmente para quem acaba de destruir o seu próprio. - Ela sorriu. - Calma,
é brincadeira. - Olhe por esse prisma, meus cachorros causaram o acidente, então é minha responsabilidade fazer com que sua carga chegue ao destino. De qualquer
forma, está um lindo dia para um trajeto longo, não está? Encontrei uma sacola na cabine do seu caminhão com um sanduíche estragado, três barras de chocolate quebradas
e uma garrafa térmica de café. Parece que você estava preparado para ir um pouco longe.
- Que sorte a minha. Posso ver que encontrei uma detetive amadora, também - murmurou, observando-a aproximar-se do balcão.
Tirando as migalhas de cima do mármore e recolhendo-as na mão, ela se dirigiu à pia e abriu a palma sob a água corrente. Trazendo um pano, começou a lustrar o mármore
apesar de ele estar ali.
- Algo mais para comer? A torta está fresquinha.
Ele detestava o fato de ela ter acertado seu ponto fraco. Não poderia resistir.
- Aceito, obrigado.
Aquela era com certeza a melhor torta que ele já provara e teve de se segurar para não gemer. Não poderia deixar de elogiar as'suas habilidades culinárias, mas certificou-se
de parecer bem casual.
- Você é uma boa cozinheira.
- Obrigada. Eu não sabia por que estava preparando essa torta ontem. Raramente tenho companhia aqui, mas acabou dando certo. - Gretel não deixou de notar o desleixo
dele, apenas ignorou o fato e se dirigiu à escada estreita no final da cozinha que levava ao andar superior. Parando com um pé no primeiro degrau, sorriu para ele.
- Bem, nós entregaremos a carga e voltaremos. Então você pode voltar para sua casa. Enquanto isso, Toby vai mandar o filho mais velho dele aqui para dar uma olhada
no seu caminhão. Se ele puder fazer funcionar, você estará bem servido. Volto logo.
- Você não tem seu negócio de jardinagem para cuidar? - Ele espetou mais um pedaço de torta com o garfo e fechou os olhos para saborear. - Não pode simplesmente
abandonar tudo e sair quando lhe der na cabeça.
Gretel se virou do meio da escada.
- Essa é a parte boa da história. Eu certamente posso. Tenho uma assistente muito eficaz. Tudo que tenho a fazer é organizar para que ela me cubra. Normalmente está
disponível, e, se não, há uma outra pessoa que posso chamar. Você se preocupa demais, sr. MacDonald. Demais mesmo. Além do que, preciso me redimir pela peraltice
dos meus cães. Por favor, permita-me.
O que ele podia dizer?
Alguns minutos depois, ela desceu a escada usando um short estilo jardineira, um top de algodão branco sem mangas que contrastava com a pele bronzeada e prendendo
um telefone sem fio embaixo do queixo, enquanto abotoava os punhos da camisa jeans. Quatro pequeninos rubis cintilavam em suas orelhas. E nos pés um par de tênis
moderno, azul brilhante. Com cadarços verde-limão!
Ela parou e deu uma boa olhada nele. Parecia abatido.
- Você está com jeito de quem adoraria um banho. Enquanto isso posso lavar sua camisa e tirar as manchas de sangue. Levará apenas alguns minutos na secadora para
estar pronta para o uso.
Jake deslizou do banquinho.
- Suponho que se eu argumentar, você esconderá as chaves do caminhão.
- Ei, você é quem sabe.
Ele desabotoou a camisa e puxou de dentro do cós da calça jeans. Gretel não estava preparada para o golpe de pura admiração que correu por suas veias perante a imagem
dos músculos definidos, da pele macia e da névoa de pêlos em um tom mais escuro que os cabelos. A penugem fazia um "V" que começava no tórax, descia pelo estômago
firme e reto e desaparecia dentro do jeans.
Ele a pegou fitando-o, e, encabulada, Gretel corou. Queria se esconder embaixo do tapete de vergonha. Mas em vez disso, rapidamente puxou a camisa das mãos dele
e saiu para a lavanderia, ignorando a risadinha que Jake deu, enquanto subia a escada para tomar banho.
Quando a água bateu em sua cabeça dolorida, Jake simplesmente prendeu a respiração e ficou imóvel, as dores em todos os ossos do corpo sendo aliviadas. Que coisa,
de novo ela estivera certa.
Inclinando-se para deixar que a água batesse em suas costas, alongou-se ajudando a circulação sangüínea enquanto se aquecia. Aos poucos começou a se sentir humano
de novo.
Gretel subiu para se certificar de que desligara o rádio em seu quarto. Tinha se esquecido completamente que as tábuas empenadas do chão impediam que a porta do
banheiro fechasse completamente. Era fácil se esquecer de algo com o qual convivia, disse a si mesma quando diminuiu os passos e, contra sua vontade, pegou-se lançando
um olhar em direção àquela porta.
O som da água corrente montou um quadro em sua mente. Jake nu, a pele brilhante pela água.
Aproximando-se alguns passos, não conseguiu evitar uma espiada. Pela fresta vertical, entre a parede e a cortina do boxe, estava a bela imagem de parte de um corpo
firme, a curva forte das costas, a rigidez das coxas...
Jake era bonito. Um espécime perfeito de um corpo masculino daqueles merecia ser estudado e apreciado, proclamou a si mesma e então virou-se.
Com as faces queimando, sentiu-se uma completa tola. Afastando-se da porta e apressando-se pela escada, Gretel saiu à varanda e se sentou na cerca de proteção.
Jake a estudou. Aquela era uma mulher que sabia quem era e o que pretendia. Ele gostava disso, apesar de sua inclinação a não dar espaço para gostar ou desgostar
do que quer que fosse naquela mulher. O que não gostava é que ela continuava praticando sua benevolência com ele.
Mas precisava entregar o bendito feno e voltar para a fazenda de seu pai. Melhor seguir com aquela farsa. Mesmo que passar o dia com ela fosse ser pura tortura.
- Vou pegar sua camisa - anunciou Gretel, passando friamente por ele e evitando olhar para aquele belo corpo além do necessário.
Voltando para dentro da casa, ela deu uma olhada para trás, yendo-o ficar à vontade no balanço, os pés esticados na madeira inferior da grade. O coração apertou-se
no peito e por um décimo de segundo sentiu pena de si mesma. Não tinha um homem em sua vida no momento por escolha própria, mas Jake MacDonald certamente parecia
pertencer àquele lugar.
Então o bom senso retornou. E quem precisava de romance? Ela não. Então não tinha provado aquilo a si mesma naqueles últimos anos?
- Aqui está. - Ela colocou a camisa limpa no colo dele.
- Obrigado.
Ele ergueu a mão na direção dela e por um instante Gretel pensou que fosse agarrá-la e puxá-la para si, mas em vez disso Jake simplesmente pegou o telefone de sua
cintura.
- Preciso fazer uma ligação.
- À vontade. - Por alguma razão, imaginá-lo com uma esposa a deixou com uma sensação estranhamente triste. - Para sua família?
- Meu pai. - Ele lhe lançou aquele sorriso impressionante de novo. - Acho que você já ouviu falar dele. - Ele então enfatizou cada palavra. - O pobre velho MacDonald.
Aquele que tem um filho rico e mal-humorado.
Gretel mordeu o lábio. Oh, não. Então sorriu alegremente e, na defensiva, deu de ombros.
- Apenas repeti o que escutei dizerem.
- Há um nome para isso. Fofoca. Um tipo de passatempo perigoso. - Ele apertou algumas teclas do telefone.
Obviamente, mas ela não ia admitir.
- Isso depende.
Ele colocou o fone no ouvido.
- De quê?
- De quanto tempo faz que você teve uma conversa de verdade com alguém. Às vezes eu converso apenas porque acontece de alguém estar por perto para me ouvir. Somente
para me esclarecer, Jake MacDonald, você é tão ruim quanto as pessoas dizem?
- Pior. Muito pior - assegurou ele com um sorriso travesso.
- Agora mate minha curiosidade, você realmente apareceu na fazenda de terno?
O olhar de raiva que ele lhe lançou quase a arremessou da varanda. Tinha o pressentimento de que havia muito mais coisas sobre aquele homem do que ele estava querendo
mostrar. Os olhos eram claros e provocantes demais para pertencerem a um homem cruel. E viam muito. Quando Jake punha os olhos nela, sentia-se transparente. E o
homem tendia a falar muito pouco, o que significava que ele pensava muito ou que não pensava nada.
- Então, como você acha que fofocas como essa começaram? - perguntou, enquanto caminhavam em direção ao caminhão vermelho alguns minutos depois.
Ele levantou as sobrancelhas.
- Você deveria ser especialista nisso, uma vez que repete tudo o que ouve. Toda história sempre tem um fundo de verdade. Por quê? O que você ouviu sobre mim a assustou?
- Oh, sr. MacDonald, você se surpreenderia. Não há mais muitas coisas com capacidade de me assustar. - Ela automaticamente acariciou os cachorros que a seguiam.
- Eu não disse isso no real sentido. Mas você fala como se soubesse o que é estar verdadeiramente assustada.
- Verdade? - Gretel levantou os olhos para ele, a luz do Sol cegando-a. - Que interessante. Claro, já fui assustada uma enorme quantidade de vezes. Mas quem não
foi?
Inteligente escapatória. A mulher tinha mesmo um jeito de fazer qualquer um calar a boca. Tudo bem, nada mais de falar sobre esse assunto. E por que ele queria saber
o quê ou quem a havia assustado se ela não estava em seus planos?
- Eu dirijo - disse ele, enquanto rodeava o caminhão para abrir a porta do passageiro para ela.
- Com esse joelho machucado? Não. - Homens, pensou não tão silenciosamente, enquanto subia do lado do motorista e se acomodava ao volante. Mas ela realmente apreciou
o fato de ele ter dado a volta para ajudá-la a subir, tão automaticamente. Um cavalheiro. Então essa espécie não estava completamente extinta.
- Vamos fazer de conta que você não disse isso - provocou ele teimosamente em pé ao lado do caminhão, esperando que ela pulasse para o acento do passageiro.
Após alguns segundos daquele olhar de superioridade, Gretel cedeu.
- Certo. Dirija então. Sinta todas as dores que você merece.
Ele gostou do som do motor quando deu a partida. Uma légua de distância do barulho do velho caminhão de seu pai. Novamente pensou sobre todo o tipo de luxo que seu
dinheiro podia comprar e se perguntou por que seu pai simplesmente não o deixava ajudar.
Orgulho. Os MacDonald sempre tiveram problemas com o bendito orgulho.
A voz dela interrompeu-lhe os pensamentos.
- Se você é tão rico quanto dizem, por que não compra um caminhão novo para seu pai? Talvez agora não estivesse metido nessa encrenca.
Sim, além de tudo a mulher lia seus pensamentos.
- Segurança.
- O que isso significa?
- Ele conhece o velho caminhão. Levaria anos para se acostumar a um novo com todos os seus pedais, botões e alavancas. Ele conhece cada detalhe do velho, recorda-se
das brigas dos filhos pequenos na carroceria, lembra-se dos beijos que minha mãe lhe deu na cabine, da nossa velha cachorrinha dando cria no banco ao lado dele...
Coisas desse tipo.
Ela riu, imaginando o quadro.
- É duro se separar daquilo que você está acostumado.
- Você diz isso como se estivesse acostumada a se separar das coisas. - O interesse dele tinha verdadeiramente chegado à superfície. - O que foi que você teve de
abandonar?
- Você quer uma explicação para cada palavra que digo. Que coisa! - Planejando desviar a atenção dele, ela apontou pela janela e anunciou, sem fôlego: - Olhe, um
falcão!
Sem se incomodar em olhar para onde ela apontava, Jake ridicularizou:
- Eu não me distraio tão fácil assim. O que você teve de abandonar?
Voltando a recostar-se no banco, ela o fitou. Aproveitando que Jake estava com a atenção na estrada, fitou-lhe o perfil másculo, demorando-se na boca. Céus! De onde
vinha aquela vontade de beijá-lo?
Bem, o que ela tivera de abandonar em sua vida não era da conta dele.
- Isso é uma longa e cansativa história.
- Este é um longo e cansativo trajeto.
- Olhe, MacDonald, você me parece um bom sujeito, mas não estou acostumada a discutir minha vida particular com ninguém.
Ele podia compreender aquilo.
- Tudo bem, se é assim que você quer.
- Sim, obrigada. - Ela o analisou cuidadosamente. - Seus machucados parecem pior esta manhã do que estavam ontem a noite. Seu olho está roxo e há uma escoriação
feia no seu maxilar. Como se sente?
- Estou bem. E você tinha razão sobre o banho. Funcionou muito bem.
Gretel contraiu os músculos perante a lembrança da imagem daquele banho.
-  Então, conte-me o que você faz em Baltimore que é tão importante assim que o impede de voltar ao lar para cuidar de seu pobre e velho pai e da fazenda da família.
Um sorriso amplo iluminou o rosto dele.
- Você faz com que eu pareça um filho ingrato. Eu construo navios.
Ela franziu o nariz.
- Como Noé construiu a arca, com as próprias mãos?
Jake riu alto e profundamente, e ela se pegou enfeitiçada pelo som.
- Não, mais como Deus dizendo a Noé o que construir e como.
- Oh. Isso é arrogante demais. Não é de admirar que você se ressente em ter de voltar ao lar e se misturar conosco, simples fazendeiros. Então os rumores estavam
corretos. Você é mau.
Ele riu.
- Você poderia dizer isso. Preciso voltar à minha vida no estaleiro. - Ele continuou como se justificando aquilo a si mesmo. - Fui o último filho a sair de casa.
Evidentemente a família inteira achou que eu fosse seguir os passos de meu pai e continuar a trabalhar na fazenda. Eu até tentei, mas apenas fiquei porque ele precisava
de mim.
- Mas então você acabou partindo.
- Eu tive de partir, mas esperei até que ele estivesse conformado com isso. Tinha que haver algo mais lá fora. Percebi isso quando descobri que tinha talento para
os negócios, para administrar situações, para conseguir que coisas ficassem prontas.
- Já lhe ocorreu que sua criação de base numa fazenda foi o que lhe proveu de todas essas habilidades?
Ao olhar incrédulo dele, ela explicou:
- Você não vê? O que aprendeu na fazenda veio a ser útil na cidade. A arte de administrar, a autoconfiança, a certeza de poder fazer.
-  Mas não é a mesma coisa. Eu gosto do passo rápido, do desafio, do estresse. E foi meu pai que me incentivou a partir. Ele viu que eu queria algo mais e então
me convenceu.
- E ele se arrepende disso desde então - completou ela.
- Não. Acho que eu perceberia se ele tivesse se arrependido.
- E assim que puder, você vai deixá-lo outra vez.
- Somente depois que ele estiver bem para circular pela fazenda e... Ei! você está tentando fazer com que eu me sinta culpado?
- Não. Você se sente? Onde está sua mãe?
- Faleceu há muito tempo. Ataque cardíaco. Ela morreu levando o coração de toda a família.
Gretel notou o tom triste nas palavras dele, mas apesar disso falou francamente:
- Acho que você tem estado mentindo para si mesmo há muito tempo.
- Sobre o quê? E como você pode saber? Somos dois estranhos.
- Sobre diversas coisas. Posso não conhecer sua personalidade, mas às vezes tenho o dom de ler as pessoas. - Ela colocou um cachinho atrás da orelha. - Tudo bem,
lá vai. Você obteve sucesso rapidamente porque se esqueceu de como é ótimo não estar em poder das incorporações. Deus, administrar uma fazenda do tamanho da de vocês
é um grande trabalho, mas há incontáveis benefícios. Você pode ser seu próprio chefe... e ainda trabalha onde mora.
Ardente. Aquela era a palavra para descrevê-la.
- Gretel, tocar uma fazenda é uma perspectiva perdida nos dias de hoje. Isso não me proporciona viagens à Europa, férias no Caribe, uma lancha, o privilégio de ver
que todos na minha família têm tudo que precisam. E mesmo que não fosse por isso, a fazenda é diferente. Se eu pudesse voltar atrás, para o jeito que as coisas eram
quando eu estava crescendo... a camaradagem familiar, o esforço grupai para aprontar o que precisava ser feito... Mas não é mais assim. Nem nunca será.
Ela decidiu ficar longe daquela linha de pensamento por hora, uma vez que isso parecia ser um assunto sensível.
- Então é pelo dinheiro. Nada bom. Você precisa parar e sentir o aroma das rosas. Clichê, certo, mas é verdade. Eu tenho as rosas. Mas e você? Tem tempo? - desafiou
ela.
Franzindo as sobrancelhas, Jake desviou os olhos da estrada um instante e a fitou.
- Não, tocar a fazenda e minha empresa, simultaneamente, está me deixando maluco. Eu ainda trabalho em Baltimore duas ou três vezes por semana. Meu laptop, o fax
e eu nos tornamos amigos íntimos e inseparáveis agora. Quem quer que tenha inventado o e-mail merece o Prêmio Nobel.
Rindo, ela concordou.
- Tudo bem, mas só por hoje, relaxe e veja de verdade o que está na sua frente. Não há mais nada que você possa fazer,, de qualquer forma. Meus cachorros devem ter
pressentido isso. Talvez eles lhe tenham prestado um favor.
Ele lhe lançou um sorriso.
- O que está na minha frente hoje é você. Então, qual a sua história, Gretel? Onde está sua família?-Surpreendia-o que realmente quisesse saber.
- Hum, vamos ver. Fui encontrada num bambuzal por uma mamãe leoa e só saí da mata aos três anos de idade.
Ele persistiu:
- Você foi criada nessa região?
- Ao norte, no Maine. E sim, sinto saudade de lá. Morávamos numa vila de pescadores. Meu pai dedicava-se à pesca de lagostas. e minha mãe era dona de casa. Tenho
dois irmãos, Ron que é policial do Exército e Mike que é oficial da Marinha. - Ela suspirou. - Nós éramos extremamente pobres. Quando olho para trás, queria que
pudesse ter percebido o quanto feliz e perfeita era minha vida.
- Todos nós fazemos isso de tempos em tempos. E como você acabou vindo para a Pensilvânia?
- Minha avó morava aqui, em um chalé, Vim para cá depois do... meu divórcio.
Diminuindo a marcha do caminhão, Jake pegou a estrada estadual.
- Eu não gosto de falar sobre isso. Nem mesmo agora. Principalmente uma vez que meu ex-marido surgiu parecendo ser um homem bom. O fato de ele ser rico e influente
fazia com que todas as suas atitudes parecessem corretas.
- Sua família não lhe deu apoio?
- Do único jeito que podiam, acho que deram, mas você tem de entender, eles não são pessoas ligadas a esse mundo agitado e materialista. Eu não podia tolerar o jeito
que eles me olhavam, como se eu os tivesse desapontado. Não acho que até mesmo podiam compreender a situação na qual eu me encontrava.
- Que era...?
- Sabe, MacDonald, eu realmente não quero falar sobre isso. Você tem um chiclete aí?
Ele virou-se e a fitou.
- Lamento, não. Ele machucou você?
- Fisicamente não. Mas há danos piores. Eu queria um chiclete. Queria estourar bolas cor-de-rosa bem grandes enquanto você dirige. Importa-se de desviar na próxima
saída e procurar uma loja de conveniência?
- O caminhão é seu. - Que coisa, como fora acabar ali com ela? A sorte dos MacDonald, só podia ser. Se alguma coisa pudesse se complicar, complicaria-se.
Alguns minutos depois de volta na estrada, Gretel ligou o rádio e músicas dos anos cinqüenta preencheram a cabine. Ela mascava sonoramente o chiclete, fazia bolas
enormes e então ria cada vez que explodiam grudando no nariz e no queixo.
- Masque um também - ofereceu ela, estendendo-lhe a pequena carteira.
Ele balançou a cabeça.
- Obrigado. Você já está se fazendo de tola o bastante sem a minha companhia.
Ela pegou um chiclete da carteira e o pressionou na boca dele. Os dedos tocaram a pele macia dos lábios, e ela estremeceu.
Mas não foi a única a reagir.
Por um segundo Jake pensou sobre tomar aquele dedo entre os lábios, mas se perguntou aonde aquilo os levaria e se deteve. Podia controlar a atração por ela por um
dia. Ele mascou o chiclete e fez sua primeira tentativa frustrada de soprar uma bola. Gretel riu da falta de sucesso, e Jake sentiu uma forte necessidade de estourar
a próxima bola que ela formou por todo aquele lindo rosto.
- Isso vai voltar para você, aguarde - ameaçou ela, tentando falar sério.
Após diversas tentativas, ele conseguiu formar sua primeira bola e então a estourou com habilidade. A risada deles preencheu a cabine do caminhão, e Jake encontrou-se
querendo saber como tinha se esquecido tão facilmente como era ser feliz.
Gretel mudou a conversa para um assunto seguro.
- E então, como vai a saúde de seu pai?
- Melhorando devagar. Um fisioterapeuta vem todo o dia do hospital. Ele está com o lado direito paralisado e não pode ir até lá. Se pudesse, estaria pela fazenda
derrubando árvores.
- Ele está conseguindo falar?
Jake balançou a cabeça.
- A fala está confusa ainda, e então ele se recusa a falar.
- O orgulho de um homem é frágil.
Ele assentiu.
- Sim, tenho certeza de que a fazenda é a única coisa que o mantém vivo.
Ela estudou o bonito perfil a seu lado.
- E é por isso que você está aqui. Porque o ama.
Jake ficou imóvel apenas por um segundo.
- Sim, acho que sim. - Ele a fitou. Era bom demais conversar com Gretel Campbell. A moça parecia enxergar dentro dele. Poderia confiar nela ou não? Bem, tanto fazia.
Aquele dia logo estaria terminado e nunca mais voltaria a vê-la. O impulso de beijá-la, a vontade de segurá-la perto de si, certamente desapareceria ao pôr-do-sol.
- Você leva bastante seu pai para fora de casa? - perguntou ela quando algo lhe ocorreu.
- O fisioterapeuta o leva na cadeira de rodas às vezes para ficar um pouco na varanda.
Ela dobrou uma perna em cima do banco e ficou de frente para ele.
- Se eu fosse você, cercaria a varanda com vidros e colocaria uma cama lá.
Ao olhar confuso dele, ela continuou.
- Você diz que a fazenda é a única coisa que o está mantendo vivo. Olhe só isso. Ele vive pela fazenda. Se aqueles velhos aromas e imagens estiverem presentes ao
seu redor, aposto que ele tentará melhorar com mais afinco. Que tipo de fazenda é, de leite?
- De gado.
- Bem, coloque um balde de terra fresca na varanda, espalhe estéreo por cima. Estimule os sentidos dele, e o corpo responderá. Ver o Sol nascer e se pôr irá ajudá-lo
a melhorar seu ânimo.
Jake nunca pensara naquilo, mas parecia mesmo a resposta para o que estivera buscando. Um jeito de trazer a determinação de seu pai de volta.
- Bem, detesto ter de admitir, mas você é uma garota muito inteligente. Obrigado.
Gretel não pôde deixar de notar o respeito e a docilidade nos olhos dele. Então riu mais relaxada do que se sentia.
- Não há de quê, MacDonald.
A cabine do caminhão de repente pareceu pequena e sufocante. Até aquele momento ela fora capaz de ignorar a proximidade do homem, ignorar o fato de que seus dedos
formigavam de vontade de tocá-lo. Abrindo toda a janela, colocou o rosto para fora e respirou profundamente, desejando que o vento levasse toda aquela sensação que
ele evocava em seu interior.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Meu anjo é você, capítulo II

Jake ainda tinha certeza de que descobriria que tudo aquilo era um sonho... ou um pesadelo. Mulheres assim não existiam no mundo real. E se ela fosse mesmo real,
certamente faria alguma coisa que o fizesse relembrar-se de seu juramento de manter todas as relações com o sexo oposto leves e sem compromisso. A vida era menos
complicada desse jeito.
Jake tirou a toalha da cabeça e a colocou na pia. Abrindo a água quente lavou o rosto e o pescoço.
Devia estar seriamente machucado. Seu senso de realidade deveria ter sido danificado em algum lugar ao longo da rodovia. Lá estava ele, um homem determinado a evitar
ser laçado por qualquer mulher que fosse, sentindo-se daquele jeito. Dois segundos com aquela moça e sua curiosidade se aguçara. Até seus ouvidos estavam ligados
nos passos dela. O som parecia estimular cada sensação. Estava certamente morto e sendo testado. Cederia à tentação ou resistiria? Aquela era a única explicação
plausível para o que estava acontecendo.
E então a moça estava de volta... e ele soube que, com certeza, não estava morto.
Gretel parou abruptamente à porta do banheiro como se detida por um tipo de mão invisível. Então se perguntou há quanto tempo não via um homem dentro de sua casa,
isso sem citar no banheiro. E que belo espécime! Parecia preencher o pequeno espaço. Jamais olharia seu banheiro do mesmo jeito depois daquele dia.
E então ela voltou a si percebendo suas coisas espalhadas. A escova de dentes, hidratante facial, a camisola curta de seda pendurada atrás da porta... Oh, não! O
sutiã vermelho que ela lavara naquela manhã ainda estava pendurado no porta-toalha!
Apressada, adentrou o banheiro, pegou a peça íntima e o jogou atrás da cortina do boxe.
- Tarde demais, já vi. - Ele riu. - Muito bonito, por sinal.
Ela contraiu os músculos e disse em seu tom mais sério:
- Um cavalheiro não teria me dito isso. - Mas secretamente sentiu prazer pela audácia do estranho.
Gretel assistiu aos músculos das costas flexionarem-se contra a camiseta, enquanto ele terminava de lavar o rosto. Parecia um lobo solitário matando a sede num riacho.
Ela teve uma louca vontade de tocá-lo, tranqüilizá-lo, dar-lhe segurança, mas calculou que ele lhe morderia a mão. Então esperou ansiosa que ele se virasse, assim
poderia ao menos apreciar mais uma vez aqueles lindos olhos verdes.
"Pare com isso", comandou a si mesma, entregando-lhe a cerveja. "Imediatamente. Ajude-o a resolver o problema e coloque-o em seu rumo novamente".
- Eu tenho um trator. Posso levá-lo de volta ao local do acidente e resgatar seu caminhão da vala.
- Obrigado, mas vou ligar para a minha seguradora e deixar esse trabalho com eles. - Ele secou o rosto na toalha.
- Por que perder todo esse tempo? Só porque estou vestida desse jeito não significa que não seja capaz de lidar com maquinário de fazenda. Além do mais, o acidente
não teria acontecido se... bem, eu sei que é minha responsabilidade manter os cachorros presos.
Um sorriso lento curvou os lábios dele, enquanto reassumia seu posto na beira da banheira.
- Oh, pare com isso. Não foi você quem pulou na frente do meu caminhão. De qualquer forma, esse seu vestido me teria feito perder a direção.
Ela abaixou os olhos para seus trajes, perguntando-se por que se sentia tão compelida a explicar qualquer coisa para aquele homem.
- Essa roupa é apenas parte de um todo. Os turistas se encantam. A maioria das coisas por aqui data de 1860 ou a partir daí, então decidi que deveria combinar com
essa época também. Mas vou trocar de roupa assim que fizer um curativo em você e então podemos pegar a estrada.
Sentado ali, com ela em pé à sua frente, o que ficava em sua linha de visão era um belo par de seios fartos. Jake sentiu vontade de tocá-los.
Havia algo no ar, quase como uma corrente elétrica. Ele descartou a sensação como outro efeito da pancada na cabeça.
Pegando um pequeno vidro de iodo do armário sob a pia, ela se virou sorrindo.
- Isso lhe causará um efeito visual engraçado. Ah, e meu nome é Gretel. Gretel Campbell.
Rindo levemente, ele não conseguiu deter um gemido quando o iodo fez seu ferimento arder.
- E eu sou Jake MacDonald.
Endireitando os ombros, ela continuou seu trabalho. Tinha de falar, de manter a mente desatenta da proximidade dele, daquela respiração quente perto de seu pescoço.
- Sabe, há outro MacDonald há uns vinte quilômetros daqui nessa mesma estrada. Um velho fazendeiro. Ele teve um dename há cerca de três meses.
A mão dela era gentil, mas determinada. E os dedos eram extremamente macios, apesar do fato de trabalhar com plantas e lidar com ferramentas. Ah, e dirigir tratores.
As unhas eram bem curtas, e ela não usava nenhum anel ou aliança.
- Ouvi dizer que um dos filhos dele finalmente apareceu para ajudá-lo na lida da fazenda, mas aparentemente o sujeito não é flor que se cheire. - Ela deu um passo
atrás, sorrindo delicadamente. - Esse corte poderia realmente precisar de um ou dois pontos, mas já sei que você vai se recusar. - Ela voltou ao curativo. - Isso
aqui vai resolver.
Jake sorriu, divertindo-se com a maneira como ela tomara a decisão sem que ele dissesse uma palavra sequer. Gretel continuou com sua história.
- Dizem que o sujeito é um desses executivos poderosos de Baltimore e não quer ficar aqui. Ouvi falar que até mesmo chegou de terno.
- Que sujeito arrogante - concordou Jake rindo silenciosamente e tomou outro gole de cerveja, fazendo-a pegar a cabeça dele entre as mãos para que ficasse imóvel.
Tirando a gaze do invólucro, ela balançou a cabeça e continuou:
- Imagine. A própria família! E ele não quer ajudar o pobre velho pai. Oh, bem, você sabe como são os rumores. Nunca se sabe se acreditamos ou não neles.
Divertindo-se com o fato de ser alvo de assunto na cidade, Jake perguntou:
- Então por que você acha que o filho do tal fazendeiro voltou? Se o sujeito é tão rico, poderia ter simplesmente contratado alguém para ajudar o pai. Ai!
- Fique parado. Para assegurar sua herança após a morte do velho MacDonald, dizem. Ricos querem sempre ser mais ricos. Só estive na fazenda duas ou três vezes, mas
as pessoas dizem que é uma das maiores e mais valiosas da Pensilvânia. - Cuidadosamente colocando a gaze sobre o corte e prendendo-a com espara-drapo, ela deu um
passo para trás e sorriu.
Divertindo-se com o assunto, Jake instigou:
- Mas isso não faz sentido. Se o jovem MacDonald já tem dinheiro suficiente, por que se importaria com o que o velho poderá fazer com ele?
Sorrindo, Gretel afastou-se e analisou o curativo.
- Pronto. Terminei. E como eu posso saber? Vamos ver... talvez ele deteste seus irmãos e queira trapaceá-los na divisão de bens. Ouvi dizer que todos eles são casados
e moram em outros Estados, longe daqui. Talvez também não se importem com o pai. Não sei, e essa é a dúvida de todo o mundo.
Ela juntou as sobrancelhas, fazendo Jake se perguntar o que estava pensando.
- O filho que voltou para casa deveria estar grato por ter um pai e uma fazenda como lar para voltar. Há dezenas de nós que não podemos ter um lar tão facilmente.
- Gretel suspirou com tristeza, enquanto terminava de guardar os medicamentos. - Agora por que você não se senta na sala, e eu, assim que trocar de roupa, encontro
você lá?
Foi solidão que ele ouviu naquele suspiro? Aquela personalidade forte dela era meramente representação perante seus clientes de jardinagem ou auto-proteção?
Mas o que isso lhe importava?, pensou, irritado. Flexionando o joelho, levantou-se com facilidade.
- Muito obrigado, mas agora resolvo o resto sozinho. Apenas me mostre o telefone e estarei longe daqui antes que você se dê conta.
- Tem certeza? Não - decidiu ela. - Não posso deixar que faça isso. Vou levá-lo de trator até lá.
Em resposta ao olhar que apareceu no rosto dele, Gretel titubeou e então acabou cedendo, conduzindo-o pelo corredor até o telefone.
- Tudo bem, você pode dar seu telefonema, mas tenho certeza de que o resgate não chegará até o anoitecer. Então, o que acontecerá com seu feno espalhado por toda
a vala?
Jake ficou parado, observando-a atentamente. Estava cansado e sem humor para argumentar, mas ainda menos inclinado a concordar. Porém, ela estava certa. Deus, ele
detestava aquilo. Como aquela mulher o tinha decifrado tão rapidamente?
-  Além disso deveríamos pelo menos ir até lá para colocar triângulos de aviso e nos certificar de que a rodovia está em ordem - continuou ela, persistente. - Uma
vez que estou envolvida, acho que vou me sentir bem melhor se fizermos uma checagem.
- Não se preocupe. O caminhão está bem fora da pista e não causará outro acidente. - Mas ele sabia que a preocupação dela era válida e que aquela mulher não desistiria
com facilidade. - Tudo bem, você venceu. Esperarei na sala.
Gretel lançou-lhe um sorriso vitorioso e saiu do banheiro, levando toda a brilhante eletricidade junto consigo.
O fato de ter sentido a perda do brilho dela o impressionou. E o instigou ainda mais.
A atração sexual tinha de estar baseada no fato de que ela era diferente demais e tão maravilhosa de se olhar. Mas então lembrou a si mesmo que desistira de namorar
por hora e planejava manter-se assim ainda por um bom tempo. Talvez o resto da vida.
Vagando pela casa, ele acabou na cozinha, observando os pequenos potes de ervas, garrafas de óleos e... Ah sim, a torta de maçã. Aquele aroma que o recebera à chegada
não era ilusão. Café fresco estava coado na cafeteira sobre o balcão. Um prato de biscoitos parcialmente cobertos com um guardanapo estava ao lado de um vidro aberto
de geléia de uva, a faca descansando sobre a tampa. Nem nos áureos tempos de seu casamento, nunca vira uma cena tão doméstica. Um homem podia sentir-se em casa ali
com a maior facilidade. Mas que coisa, por que um homem? Qualquer pessoa teria a mesma sensação. Outra vez repetiu a si mesmo que lugares assim não existiam na vida
real. Mas estava ansioso para continuar aquele jogo. Que dano poderia advir? Nenhum. Alguma outra coisa aconteceria em breve, virando a página daquele livro de contos
de fadas, e a realidade voltaria. Nua e crua.
Retornando à sala, ele olhou ao redor, notando as pilhas de livros, de suspense à Shakespeare. Ele assentiu. Eles dois tinham o mesmo gosto eclético por literatura.
Passando os dedos pelos CDs, descobriu que havia de U2 a Mozart e sorriu novamente. Ambos, obviamente compartilhavam um amor pela diversidade. Ela era uma pessoa
curiosa. Isso era tudo que podia definitivamente dizer sobre aquela mulher. E a casa refletia isso. Não havia um tema. Apenas um caos alegre e um jeito original
de olhar o mundo. Jake acomodou-se no sofá. Era perigosamente confortável e de repente ele se deu conta de como estava cansado. Um leve aroma dela preencheu o ar,
e ele inalou profundamente.
Pensamentos conflitantes confundiram-se em seu cérebro cansado. Não importava que tivesse prometido não se envolver com nenhuma mulher em bases permanentes. Poderia
simplesmente tirar proveito da situação e saborear estar com aquela, embora todas as mulheres fossem problema. Como sua ex-esposa, que fora fria e insensível e saíra
do casamento com cem vezes mais do que entrara. Lógico, ele saía com mulheres, mas se certificava de que nada sério jamais surgisse daquelas relações. Nunca mais.
Claro, contava com a possibilidade de um dia mudar de idéia. E Gretel Campbell era paradoxal o bastante para fazê-lo abrir uma exceção. Se estivesse muito inclinado.
O que não era verdade, lembrou a si mesmo com determinação.
O inesperado interesse por ela era puramente uma reação hormonal. Era um homem adulto, capaz de controlar impulsos e ignorar coisas desse tipo. No momento tudo que
sabia era que estava se sentindo muito confortável.
Sentindo os olhos pesados, permitiu-se fechá-los por apenas um instante, apoiando a cabeça no braço estofado do sofá, com cuidado para não sujar. A mente devaneou.
Estava em um lugar onde não precisava executar nada no próximo minuto e, com o corpo todo dolorido, a sensação era boa demais.
Quando Gretel voltou quinze minutos depois, encontrou-o ali adormecido, um lado do rosto seriamente machucado. Ela se inclinou para acordá-lo e quando sua mão se
aproximou do ombro dele, a atração que sentiu foi muito mais forte desta vez.
A sensação era algo como se aproximar de fios de alta-tensão. Durante uma tempestade. Descalça no chão molhado. Não conseguia se restabelecer da força do homem.
Não somente o tamanho, mas a pessoa dele. De repente, uma percepção a atingiu forte. Na verdade, sentia falta de ter alguém em casa consigo. Alguém para conversar,
para compartilhar sonhos e até mesmo momentos de silêncio. Não suas amigas ou vizinhos. Um homem. No exato significado da palavra.
Ela deteve os pensamentos. Já tivera aquilo uma vez e apesar de seus esforços supremos, o relacionamento havia se desintegrado.
Uma brisa fria balançou as cortinas da janela. Caminhando até a poltrona, pegou uma manta tailandesa e voltou ao sofá, colocando-a delicadamente sobre ele. Dirigindo-se
à cadeira de balanço, sentou-se ali, admirando-o mais uma vez.
Uma sombra de barba estava aparecendo no maxilar definido. Cílios grossos e escuros sombreavam as maçãs do rosto. Os cabelos desordenados caíam na testa, cobrindo
o curativo. A boca estava sensualmente relaxada, agora sem aquele sorriso falso de quando estava acordado.
Então olhou para as mãos dele. Uma visão que a absorveu de imediato. Impressionante o tamanho. Queria estudar aquelas palmas, testar nelas sua habilidade amadora
de quiromancia. Competentes. Poderosas. Pareciam poder protegê-las de todo o mau do mundo. Quase podia senti-las passeando sobre seu corpo, gentil e sedutoramente.
Havia algo incomum nele. Algo diferente, intrigante. Mas ela não tinha nenhuma idéia do que era. Tudo que sabia era que havia uma inexplicável sintonia entre eles
dois naquele momento.
Era destino? Os cachorros tinham ido ao lugar certo na hora certa para forçar aquele homem a cruzar seu caminho? Mas por quê? Ou aquele fora apenas um acidente,
sem nenhum significado especial?
Jurara a si mesma que jamais deixaria um homem tocar sua pele do jeito que Jim fizera. Ele havia lhe roubado de si mesma, tão profissional e astuto quanto um ladrão
na noite. E levara um bom tempo até que ela conseguisse ser uma pessoa inteira novamente. Passara dois longos e dolorosos anos criando seu paraíso seguro ao qual
dera o nome de Blueberry Hill. E nada, absolutamente nada, ia quebrar a paz de espírito que encontrara ali.
Então o que significava encontrar Jake MacDonald? Nada, exceto uma dica para ficar mais atenta aos cães fujões. Recusava-se a pensar na situação como outra coisa
além de um contratempo desagradável. Na verdade, tivera sorte de o homem não ter se ferido mais seriamente.
Gretel o fitou mais uma vez, estudando, distraída, o corpo que a calça jeans delineava, os quadris estreitos, as coxas musculosas. Um calor coloriu suas faces, fazendo-a
levantar-se abruptamente.
De volta à cozinha, chamou seu vizinho, Toby. Juntos poderiam resgatar o caminhão e trazê-lo para o pátio de sua casa. Não fazia o menor sentido acordar um homem
que sofrera um acidente para ajudar. Mesmo que ela não se importasse nem um pouquinho com ele.
Que latidos eram aqueles? E aquele cheirinho de bacon? Onde estava?
Confuso, Jake levantou a cabeça, mas voltou a recostá-la, detido por uma forte pontada. Foi então que a realidade veio aparecendo lentamente.
"Oh, sim"!, pensou alongando os músculos doloridos e abrindo os olhos.
A luminosidade do dia feria tanto quanto as dores causadas pelo acidente do dia anterior. E aqueles benditos cachorros estavam latindo cada vez mais alto, fazendo
sua irritação aumentar.
Sentando-se na beira do sofá, Jake notou a manta tailandesa sobre as pernas e... então ouviu a voz dela.
Imóvel por um momento, escutou extasiado.
Como uma coisa tão simples como uma voz podia causar um efeito daqueles em sua alma? Ouvia mulheres falando todo o dia. Na verdade, até demais. O que era tão diferente
em Gretel?
Lutando contra a dor, levantou-se. Não se sentia fraco assim desde... bem, desde o seu aniversário de catorze anos, quando ganhara um cavalo de seu pai e levara
o maior tombo de sua vida.
Caminhando vagarosamente até a janela, avistou Gretel no jardim. Ela cortava flores para uma senhora, provavelmente cliente, que apontava suas escolhas.
Uma princesa de contos de fadas, pensou, medindo-a de cima a baixo. Aquela imagem quase valia a pena todas as dores que estava sentindo.
Então além dela, perto do velho estábulo que ele vira ao chegar, avistou seu caminhão batido e a carroceria quebrada. Ao lado estava parado um caminhão vermelho
carregado de feno. O feno dele!
Que coisa! Ela não deveria ter ido lá e...
Jake marchou porta afora esquecendo-se dos ferimentos e caminhou na direção dela.
- Melhor não me contar que você foi lá na vala e fez tudo isso sozinha.
- Olá, bom dia. - Ela nem mesmo se importou em levantar os olhos. - Não repare nele, Margaret. É apenas um hóspede inconveniente. Assim que eu terminar com minha
cliente, sr. MacDonald, estarei livre para discutir qualquer coisa que queira, mas no momento estou ocupada.
- Por que você não me acordou?
Gretel ignorou a questão.
- Falo com você daqui a pouquinho. Há ovos com bacon na cozinha. Sirva-se. E então Margaret, o que acha dessas íris siberianas? Lindo tom de azul, não?
Claro, obviamente ele estava sendo desprezado. E, de alguma forma, sabia que seria totalmente inútil tentar uma discussão saudável naquele momento. Virando-se, voltou
para casa pisando firme... tão firme quanto seu joelho dolorido permitia.
Colocando ovos com bacon sobre um biscoito, ele levou à boca e preparou outro. Gretel parecia ter tantos humores e lados quanto uma margarida tinha pétalas. E naquele
ponto ele estava pronto para arrancá-las, uma a uma.
Sentia-se furioso consigo mesmo por não ter lidado com aquilo de forma diferente. Se ela não tivesse tocado suas emoções de alguma forma misteriosa, ele já estaria
fora dali.
Então aquela mulher achava que ele era incapaz de cuidar dos próprios problemas? Se tivesse optado por atropelar os cachorros e lhe entregar os corpos em domicílio,
ela teria sentido necessidade de cuidar dele?
Abrindo a geladeira, Jake achou uma jarra de suco de laranja. Procurando um copo, abriu e fechou várias portas de armários. Será que parecia um homem que precisava
de uma mulher para tomar conta de sua vida? Pedira apenas para dar um telefonema, se é que sua memória podia ser confiável. Não pedira curativos, palavras doces
ou ajuda. Se ela não tivesse insistido que ele a esperasse trocar de roupa, não teria adormecido e então acordado para aquele insulto. Intrometida.
Mais furioso agora, Jake franziu a testa. O suco de laranja, doce e gelado desceu pela sua garganta acalmando-o contra sua vontade, fazendo-o repensar.
Não, estava sendo muito duro em seu julgamento. Ninguém, absolutamente ninguém, tinha ido tão longe por ele sem alguma motivação secreta. Obviamente ela não tinha
nada a ganhar ou perder e ainda assim interrompera seus afazeres, preocupara-se com ele e tinha até mesmo chamado alguém para ajudá-la, apenas para fazer o problema
um pouco menos complicado.
Que coisa! Embora ele pudesse muito bem se acostumar com isso. E se ela estivesse apenas sendo verdadeiramente boa? Não, a vida nunca era tão simples assim.
Novamente as suspeitas retornaram à mente. A mulher estava apenas tentando se certificar de que ele não a processaria, levando seu pequeno negócio de flores à falência.
Jake balançou a cabeça, varrendo os pensamentos obscuros. Talvez estivesse sendo apenas uma boa vizinha. Parecia mais isso. E ele apenas tinha se esquecido sobre
a política da boa vizinhança.
Acomodando-se no banquinho do balcão, Jake olhou o sanduíche pela metade que ela tinha obviamente abandonado no minuto em que aquela cliente chegara. Ao lado havia
um lápis e um livro de palavras cruzadas, aberto numa página incompleta. Observando, Jake leu o enunciado: "Enfeitiçado por, cativado pelo coração".
Pegando o lápis, preencheu os espaços em branco em maiúsculas: "FASCINADO".

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Meu Anjo é Você, Capítulo I

Jake MacDonald segurou no prego que servia como botão de volume do rádio com um alicate e o virou. O rádio do velho caminhão tomou vida, ecoando o noticiário do
meio-dia.
A Bolsa de Valores tinha caído duzentos pontos, a política de Washington estava pior que o normal, mais um cometa estava se aproximando da Terra, e ele, proprietário
e presidente da Estibordo Internacional, estava levando uma carga de feno de Gettysburg, Pensilvânia, para Charles Town, oeste da Virgínia. E pior: naquele mesmo
caminhão decrépito que já guiara no passado quando garoto. Que divertido, pensou de mau humor. Muitas coisas acontecendo ultimamente.
Uma rápida ligação para sua secretária aquela manhã revelara que um grupo de compradores japoneses chegaria em duas semanas, e não havia suítes disponíveis no Hotel
Hilton de Baltimore. Ele tinha de intervir no caso. Hope era uma secretária boa e confiável, mas era ele quem teria de conversar com o gerente do hotel pessoalmente.
O bendito celular não parara de vibrar desde que ele deixara a velha propriedade aquela manhã. Jake balançou a cabeça. Por quanto tempo mais poderia manter funcionando
a fazenda da família, no lugar de seu pai convalescente, e ainda dirigir sua empresa multimilionária de construção naval?
Apesar dos pensamentos obscuros, um sorriso apareceu em seus lábios. Crescer em uma fazenda tinha de ser a melhor e a pior coisa da infância. Trabalho duro de sol
a sol com momentos de pura alegria roubados aqui e ali. Pular do palheiro, perseguir galinhas com o trator, mergulhar no lago nos dias quentes de verão...
Então devaneou sobre como colocara tudo aquilo no passado assim que se tornou um bem-sucedido homem de negócios e sobre quão rápido cada detalhe daquela vida voltara
assim que ele inalou o primeiro corte do feno.
Mas naquele momento não tinha absolutamente nenhum tempo para aproveitar a fazenda.
O celular tocou novamente no banco do passageiro e, praguejando, Jake pegou o aparelho, abriu oflip e...
Duas manchas peludas surgiram do acostamento e apareceram em sua linha de visão. Enfiando o pé no breque e puxando o volante para a esquerda a fim de evitar atropelar
os cachorros, Jake cerrou os dentes, enquanto os pneus cantavam em protesto. Ele lutou contra o peso da carga de feno na carroceria enquanto o velho caminhão rabeava,
deslizando a parte traseira para o acostamento de cascalho solto.
- Meu Deus! - gritou quando a oscilação lhe pareceu fora de controle. A carroceria se soltou, e os dois pedaços do veículo deslizaram pelo declive lateral, parando
em uma vala oito metros abaixo, com dois fortes estrondos. Mas somente depois de Jake ter batido a cabeça no volante com força.
Recobrar a consciência foi como ter morrido e retornar à vida. Ele não se lembrava de nada do processo, apenas de perder o controle do caminhão. Pouco a pouco, com
o passar dos minutos, ele sentiu o corpo todo dolorido.
Lutando para se orientar, Jake se lembrou dos dois cães surgidos do nada e da batalha para manter-se na estrada. Ele permaneceu sentado imóvel, enquanto avaliava
a severidade da dor em sua cabeça que latejava. Erguendo devagar o braço até a linha de visão, gemeu ao ver o celular quebrado em sua mão. Abrindo os dedos, assistiu
sua comunicação escorregar em uma dúzia de pedaços.
Quatro da tarde. Oh, estivera inconsciente por um tempo.
Automaticamente levando a mão à testa, sentiu o sangue escorrendo. Aqui está a razão para esta colossal dor de cabeça, disse a si mesmo através de dentes cerrados.
Que coisa! Não tinha tempo para aquilo. Se havia algo que detestava, era atraso. E aquele era dos maiores.
Após continuar imóvel por mais alguns minutos, começou a movimentar devagar uma e outra parte do corpo para se certificar de que não quebrara nenhum osso ou se literalmente
cairia algum pedaço quando se mexesse.
O caminhão estava tombado de lado, a porta do motorista colada na terra. Com cuidado, Jake foi levantando todo aquele corpo de um metro e noventa com a ajuda dos
braços e alcançou a janela do passageiro.
Quando ele forçou o corpo para fora, uma pontada de dor correu do joelho até o pulso direito. Com um gemido, Jake cerrou os dentes contra a tolice daquele acidente.
Deveria ter passado por cima daqueles cachorros loucos!
Uma vez em terra firme e equilíbrio recuperado, Jake examinou o resultado enquanto flexionava o joelho dolorido. Um pára-choque quebrado, a carroceria virada, o
farol traseiro pendurado por um fio e a lataria arruinada. O velho caminhão tinha sido completamente destruído. E a carga de feno rolara toda, fardo por fardo.
Simplesmente, maravilhoso!
E o celular inutilizado. Para piorar, seu pai não sentiria sua falta até a manhã do dia seguinte.
Jake decidira fazer por si mesmo todo o trajeto até Charles Town, assim seu pai poderia ir se acostumando a depender um pouco da empregada que ele mal podia tolerar
ver, mas que seu filho insistira em contratar.
Deliberadamente, em vez de pegar as estradas movimentadas, optara pelas auxiliares, pretendendo relaxar nos aromas do passado. E não tinha ido muito longe quando
os dois cachorros o encurralaram.
Agora a empregada teria de auxiliar seu pai a tomar banho e ir para cama. Aquilo atormentaria seu velho pai até não poder mais. Talvez, sem olhar para a parte trágica
da história, aquele acidente fosse, na verdade, uma coisa boa. Seu pai teria que depender dela um pouco mais de tempo. Até já podia ver Pop, resmungando e lutando
contra cada tentativa da mulher em ajudá-lo.
E agora?
Aquela estradinha era definitivamente a menos utilizada. Poderia levar horas até que algum veículo aparecesse. Jake não se lembrava a quantos quilômetros atrás vira
a última casa, mas sabia que estava perto de um cruzamento, pois vira uma placa. Então decidiu ir em frente.
O sol poente de agosto era frio, e a umidade estava começando a piorar. O suor brotou no rosto, antes que tivesse andado um quilômetro, e fazia arder o ferimento
da testa. O joelho e o pulso estavam inchados e doendo, isso sem mencionar os pequenos arranhões nas mãos causados pela quebra do celular. Sim, estava realmente
de mau humor.
No momento, seu físico parecia muito com o jeito que ele andava se sentindo. Espancado e com raiva. Dolorido e sentido. Sabia que aquilo vinha de muito trabalho
em dois lugares diferentes, da luta de tentar convencer seu pai a viver em algum outro canto que não a velha fazenda.
Finalmente, ele se aproximou do cruzamento. Uma cerca de madeira com pintura descascada demarcava o terreno. As velhas tábuas estavam praticamente cobertas por videiras,
carregadas com flores de ipê amarelo e rosas brancas salpicadas em toda a extensão. Pelo menos aquilo significava que algum tipo de civilização estava perto. O que
era uma boa coisa.
Caminhando dolorosamente, ele forçou um sorriso. O que não daria por uma cerveja gelada naquele momento...
Algum tipo de estrutura estava meio escondida um pouco além da estrada. Mancando mais alguns metros, parou. Incerto de que estava vendo corretamente na luz decrescente,
ficou ali, no meio da rodovia, estudando a aparição.
Impossível. Mais um passo. De jeito nenhum. Fechando os olhos antes da tentativa de focar uma segunda vez, balançou gentilmente a cabeça para clarear a visão. Batera
a cabeça no volante tão forte quanto estava achando? Ainda estava inconsciente? O que era aquilo que estava vendo? Uma página arrancada de um livro de contos de
fadas? Um mundo paralelo?
O estábulo de madeira com telhado vermelho inclinado, tinha uma estranha estrutura cônica. O chalé ao lado esquerdo era baixo e comprido. Tinha sido pintado no que
se pode apenas ser descrito como um lilás vivo com janelas cor de framboesa. E tudo isso coberto com curvas de chantili branco.
As cortinas de renda que dançavam nas janelas eram amarelo-gema. Na varanda havia pelo menos uma dúzia de vasos pendurados de plantas com flores multicoloridas.
Encaixada ali, entre os diversos tons de verde e com o pôr-do-sol violeta por trás, olhar para aquilo era como olhar através de um caleidoscópio. E rodando o cilindro.
Videiras floridas pendiam dos pilares da varanda, distribuindo sua doce fragrância. E aquilo que preenchia o ar de fim de tarde era... poderia ser... aroma de maçã
quente com canela?
Enfiando as mãos nos bolsos, Jake simplesmente estreitou os olhos e respirou fundo. Sim, definitivamente ainda estava inconsciente. Ou morto! Nunca esperara que
morrer fosse tão bom.
Em toda a volta do chalé havia flores e mais flores entre árvores e arbustos bem cuidados. Uma brisa leve movimentava os galhos e folhas, fazendo os últimos raios
de sol parecerem cacos de vidro brilhando sobre o gramado.
Tão miserável quanto se sentia, continuou ali em pé, sentindo a dor aumentar. Nunca vira nada igual àquilo em sua tão viajada vida.
E então, de repente... viu uma mulher em pé entre os arbustos. Uma bela mulher. E Jake se pegou completamente fora de controle. Tudo bem. Definitivamente caíra na
toca do coelho e estava no País das Maravilhas. E aquela devia ser Alice, claro, agora crescida.
Esfregando os olhos, disse a si mesmo que estava em estado de choque. Era a única explicação! Em choque, ainda no caminhão, olhos fechados, cabeça sangrando e à
espera de que alguém o encontrasse. Uma hipótese bastante razoável.
Jake focou a mulher outra vez. Inacreditavelmente ela ainda estava ali, usando o que ele imaginava que uma fada madrinha escolheria como vestimenta.
Um vestido azul-claro com pequeninas estampas, na altura dos tornozelos, sem mangas e levemente acinturado. E, naquele excelente ponto, sobre seios cheios e arredondados,
havia uma pala de renda branca. Ocorreu em sua mente confusa que aquele era um traje nada prático para se cuidar de um jardim.
Por baixo de um chapéu de palha de abas bem largas, pendiam cabelos castanhos muito longos, levemente cacheados, e com algumas mechas causadas pelo sol, em tom avermelhado,
que ela mantinha afastados com a mão coberta por uma luva, enquanto a outra segurava uma pá. E ele era capaz de imaginar as curvas que estavam escondidas sob aqueles
trajes soltos.
Antes que Jake pudesse falar, ela se virou, encarando-o. Jake nunca perdera o fôlego antes, exceto a vez que caíra do galho mais alto de uma macieira aos nove anos
e sentira o impacto da pancada tirar todo o ar de seus pulmões.
Agora experimentava aquela sensação de novo, só que mais forte. Certamente nenhuma mulher nunca lhe tirara o fôlego. Aquilo devia ser efeito residual do acidente,
só isso.
Surpresa por ver alguém parado ali, Gretel focou sua visão no homem que aparecera tão subitamente na beira de seu jardim de flores.
- Olá - disse ela calmamente, ignorando a pontada de atração, perante a inesperada visão de um homem tão bonito. - Não ouvi nenhum ruído de carro se aproximando.
Acabei de fechar, mas não há problema. Eu o atenderei em um minuto. - Inclinando-se, a jovem preencheu a cesta que tinha em mãos com um último punhado de flores
recém-cortadas. - Você está interessado em, mudas de flores sazonais, aquáticas ou arbustos? Fique à vontade para olhar pelo jardim se quiser.
Flores? Mudas? Sobre o que ela estava falando? A voz da jovem era exatamente a que ele imaginava que as sereias teriam. Aquela voz que arrastava os marinheiros para
o mar e fazia seus barcos quebrarem-se contra os rochedos. Doce, porém forte. E infinitamente sedutora.
Jake permaneceu imóvel como estátua, maravilhado que uma mera pancada na cabeça pudesse causar tão deleitosa fantasia. Sim, devia estar mais machucado do que pensava.
Gretel endireitou o corpo e inclinou a cabeça para que a aba do chapéu fizesse sombra enquanto o inspecionava.
De onde viera aquele homem? Não havia nenhum carro por perto. Ele parecia em alerta, quase como um garanhão parado no pasto à espreita de uma égua. A presença do
homem a deixou um pouco desconfortável, mas ao mesmo tempo a impressionante aparência a intrigou.
O estranho era alto. Bem alto. E tinha uma aparência dura. Os cabelos escuros movimentavam-se com a brisa.
A calça jeans era justa no quadril e em quase toda a extensão daquelas pernas, obviamente musculosas e fortes, marcadas pelo tecido. Botas surradas de caubói, uma
camiseta preta sem mangas e um boné de beisebol desajeitado na cabeça completavaníb quadro.
Tudo naquele homem parecia tão poderoso quanto o trator que ela usava para arar as terras, mas, podia apostar, não tão fácil de lidar.
Gretel afastou os pensamentos perturbadores.
- Você não está interessada. Lembre-se de que homens não são nada além de tiranos e que você não quer nada com eles. Venda a ele algum produto de seu trabalho e
ponha-o de volta na estrada.
Mas o coração batia forte só de olhá-lo. Ignorando os efeitos e esperando que não ficasse óbvio para ele, ela caminhou entre as duas fileiras de margaridas em sua
direção. Dois cachorros enormes apareceram do nada e começaram a segui-la.
Ele respirou fundo.
- Certo, os culpados retornando da cena do crime.
Ela olhou para os cachorros que se sentaram obedientes a seu lado. Do que ele estava falando?
Em um tom de confidência, que escondia seu nervosismo, perguntou:
- No que posso ajudá-lo? - Só então notou que ele estava ferido. - Belo machucado.- Ela se aproximou um pouco mais.- O que aconteceu? Você está bem?
A mulher era mesmo de verdade. Jake teve que cerrar os punhos para evitar que suas mãos se levantassem instintivamente e acariciassem aquela pele sedosa ou que tirassem
alguns daqueles cachos caídos no rosto. Desviando o olhar para assegurar que seus pensamentos não o traíssem, acabou pousando os olhos numa placa que não havia visto
antes:
BLUEBERRY HILL PLANTAS E FLORES
Meu Deus! O lugar também era real.
- Você está bem? - repetiu ela.
Respirando fundo, Jake voltou a fitá-la. Aquilo foi outro erro. No instante em que os olhares se cruzaram, ele praguejou contra a sorte. Cinco anos atrás, antes
de seu divórcio e de todas as lições que aprendera, aquela sensação teria sido muito bem-vinda, e ele pediria por mais. Hoje, a mesma sensação somente o fazia ter
vontade de fugir. Rápido.
Lembrando-se da presença dos culpados, baixou o olhar para a cara inocente dos dois cachorros.
- Bem, eu capotei meu caminhão e bati a cabeça no volante. Acabei dentro de uma vala abaixo do acostamento da estrada, com cerca de uma centena de fardos de feno.
Parece que seus cachorros fizeram um belo exercício hoje. Posso dar um telefonema? Meu celular não sobreviveu ao acidente.
- Um acidente? Meu Deus! Claro que pode usar o telefone. Entre e deixe-me praticar meus aprendizados de primeiros socorros. - Ela virou-se e começou a guiá-lo, mas
então parou abruptamente quase colidindo com ele. - Ou você gostaria de ir para o hospital? Pancada na cabeça é um perigo, você pode entrar em choque. Posso levá-lo
de carro até lá.
Ela estava falando demais e sabia disso, mas percebeu que não havia nada que pudesse fazer a respeito. Deixando a cesta lotada de flores embaixo da mesa redonda
da varanda, puxou a porta de tela.
- Meus cachorros... oh, Deus, meus cachorros provocaram o acidente. Eu sinto muito. Eu pagarei. Como exatamente eles fizeram isso? Vou ligar imediatamente para minha
companhia de seguros. - Respirando fundo, pensou: "Exatamente o que eu precisava. E logo agora que as coisas estavam começando a ir bem. Esse é o meu destino".
Levantando a mão machucada, Jake a fez parar de se culpar ainda mais.
- Eles saíram da mata e simplesmente pularam na minha frente. Deviam estar perseguindo alguma coisa. Foi muito mais culpa minha do que deles. - Deus está vendo,
pensou ele. - E o caminhão já era um ferro-velho, de qualquer forma. - Meu pai vai me matar. - E eu estou bem. Mas poderia aceitar um drinque.
Enquanto a seguia para dentro do chalé, capturou seu doce aroma. Frutas. Laranjas. Ele lambeu os lábios.
- Estou me sentindo péssima em relação ao que aconteceu. Farei qualquer coisa para consertar.
-Não ofereça muito, Gretel, disse a si mesma. Você não conhece esse homem. Ele pode acabar lhe processando.
Encontrando-se inexplicavelmente ávido para ouvir o som da voz dela, Jake a seguiu pela casa, quase tão obediente quanto os dois cães.
Olhando ao redor enquanto caminhavam através do pequeno chalé "encantado", teve de admitir a si mesmo que aquele lugar era diferente de tudo que já vira na vida.
Havia um sofá cor-de-rosa de aparência superconfortável contra a parede embaixo da janela. No chão, de cada um dos lados do sofá, dois gnomos de sessenta centímetros.
Na parede adjacente, enormes poltronas verde-musgo contracenavam com dois almofadões na frente da lareira. Uma mesinha antiga de xadrez, um cachorro sarapintado
de cerâmica e uma cadeira de balanço completavam a decoração. De modo geral, era um espaço limpo e organizado.
Até que ele olhou para as mesinhas de canto e prateleiras. Devia haver uma centena de animais de porcelana entre pássaros, cavalos e águias. Pedras brutas semipreciosas
estavam espalhadas em desordem. Vasos de plantas pendiam de cada janela. Revistas de jardinagem e catálogos aumentavam a bagunça. Jake revisou sua opinião inicial.
O lugar era um caos organizado.
Gretel o conduziu por um longo corredor, deixando o chapéu de palha em um cabideiro no caminho. Abrindo a porta do banheiro, gesticulou para que ele a seguisse.
Jake achou que tivesse dado um passo para dentro do século dezenove.
- Por favor, sente-se na beirada da banheira.
Ele olhou desconfiado para a peça de porcelana branca de bordas arredondadas e pés de leão e suas torneiras de cobre. Parecia robusta o suficiente, mas também pronta
para arriar sob seu peso.
- Pode se sentar sem susto que ela o agüentará. Meu Deus, você deve estar se sentindo péssimo. - Ela abriu a torneira de água quente e molhou uma toalha.
Involuntariamente gemendo de prazer, Jake fechou os olhos e relaxou quando ela envolveu sua cabeça na toalha morna e a pressionou. Se alguma sensação tivesse sido
tão gostosa, não podia se lembrar naquele momento.
- Isso realmente me preocupa. Agora que os cachorros ficaram mais velhos, começaram a escapar daqui de dentro para passeios mais longos. Normalmente vão para a mata,
atrás de algum animal. Não sabia que iam para a estrada. Mas assumirei todos os prejuízos, prometo. - Ela estava falando demais outra vez, sabia disso, mas o que
mais poderia fazer?
Recordando-se do básico sobre primeiros socorros, Gretel fez algumas perguntas pertinentes.
- Você está com ânsia ou tontura?
- Eu estou bem. - Na verdade, estar perto dela daquele jeito o estava fazendo sentir-se bem até demais. - Preciso apenas daquele drinque.
- Isso pode indicar que você está em choque, sabe. - Ela o fitou com tristeza, ciente de que deveria ligar para sua companhia de seguros e explicar o fato. Apesar
de sua triste situação, ela riu.
- O quê? O fato de eu precisar de um drinque?
Ela suspirou, de alguma forma irritada perante a tola piada dele.
- Fico feliz que você consiga encontrar algum humor nessa situação. - Ela teria de manter os cachorros presos na coleira ou construir um imenso canil. Complicações
não eram mais permitidas em sua vida. Ou pelo menos fora isso que ela decretara. Mas tomaria conta do problema daquele homem primeiro. Uma coisa de cada vez.
- O que você gostaria?
Ele bem que duvidava, mas a bela moça podia ter uma latinha escondida na geladeira.
- Eu não acho que você teria uma cerveja.
- Pelo amor de Deus, e por que não? - Ela pegou a mão dele e o fez segurar a toalha, pressionando-a forte contra o ferimento. Então saiu para o corredor.
Porque você me parece mais do tipo limonada - murmurou ele sob a toalha. Tinha de sair logo dali. Ser tratado com tanta ternura estava, no mínimo, interessante demais.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

A Força do Amor

Como qualquer mãe, quando Karen soube que um bebê estava a caminho, fez
todo o possível para ajudar o seu outro filho, Michael, com três anos de
idade, a se preparar para a chegada.
Os exames mostraram que era uma menina, e todos os dias Michael cantava
perto da barriga de sua mãe.
Ele já amava a sua irmãzinha antes mesmo dela nascer.
A gravidez se desenvolveu normalmente.
No tempo certo, vieram as contrações. Primeiro, a cada cinco minutos;
depois a cada três; então, a cada minuto uma contração. Entretanto,
surgiram algumas complicações e o trabalho de parto de Karen demorou
horas. Todos discutiam a necessidade provável de uma cesariana.
Até que, enfim, depois de muito tempo, a irmãzinha de Michael nasceu.
Só que ela estava muito mal. Com a sirene no último volume, a ambulância
levou a recém-nascida para a UTI neonatal do Hospital Saint Mary.
Os dias passaram. A menininha piorava. O médico disse aos pais:
"Preparem-se para o pior. Há poucas esperanças". Karen e seu marido
começaram, então, os preparativos para o funeral.
Alguns dias atrás estavam arrumando o quarto para esperar pelo novo
bebê. Hoje, os planos eram outros.
Enquanto isso, Michael todos os dias pedia aos pais que o levassem para
conhecer a sua irmãzinha.
"Eu quero cantar pra ela", ele dizia. A segunda semana de UTI entrou e
esperava-se que o bebê não sobrevivesse até o final dela.
Michael continuava insistindo com seus pais para que o deixassem cantar
para sua irmã, mas crianças não eram permitidas na UTI. Entretanto,
Karen decidiu. Ela levaria Michael ao hospital de qualquer jeito. Ele
ainda não tinha visto a irmã e, se não fosse hoje, talvez não a visse
viva.
Ela vestiu Michael com uma roupa um pouco maior, para disfarçar a idade,
e rumou para o hospital.
A enfermeira não permitiu que ele entrasse e exigiu que ela o retirasse
dali. Mas Karen insistiu:
"Ele não irá embora até que veja a sua irmãzinha!" Ela levou Michael até
a incubadora.
Ele olhou para aquela trouxinha de gente que perdia a batalha pela vida.
Depois de alguns segundos olhando, ele começou a cantar, com sua voz
pequenininha:
Você é o meu sol, o meu único sol. Você me deixa feliz mesmo quando o céu está escuro...
Nesse momento, o bebê pareceu reagir.
A pulsação começou a baixar e se estabilizou. Karen encorajou Michael a
continuar cantando. "Você não sabe, querida, quanto eu te amo. Por
favor, não leve o meu sol embora...
" Enquanto Michael cantava, a respiração difícil do bebê foi se tornando
suave. "Continue, querido!", pediu Karen, emocionada.
Outra noite, querida, eu sonhei que você estava em meus braços..." O
bebê começou a relaxar. "Cante mais um pouco, Michael." A enfermeira
começou a chorar. "Você é o meu sol, o meu único sol. Você me deixa
feliz mesmo quando o céu está escuro... Por favor, não leve o meu sol
embora..."
No dia seguinte, a irmã de Michael já tinha se recuperado e em poucos
dias foi para casa.
O Woman's Day Magazine chamou essa história de "O milagre da canção de
um irmão". Os médicos chamaram simplesmente de milagre.
Karen chamou de milagre do amor de Deus.
NUNCA ABANDONE AQUELE QUE VOCÊ AMA.
O AMOR É INCRIVELMENTE PODEROSO.